sexta-feira, 27 de julho de 2012

MUITOS POETAS EM UMA SÓ PESSOA


MUITOS POETAS EM UMA SÓ PESSOA
Mara Narciso*
         Uma curiosidade dada pela grande fama, uma pedra enorme e um pequeno cizel para começar o serviço. No miolo tem diamante, mas o desbravamento inicial é pura obstinação. Os primeiros versos são pedreiras impenetráveis, mas com o avançar da leitura em voz alta, é possível entrar no intrincado mundo de Fernando Pessoa e seus heterônimos, personalidades criadas por ele para carregar seus vários destinos, seus sonhos e suas verdades.
         No aniversário de primeiro ano do Clube de Leitura Ateliê Felicidade Patrocínio, o filósofo Marcelo Narciso Moebus despedaçou o envoltório e mostrou a multiplicidade de Fernando Pessoa. O livro “O Eu profundo e outros Eus” apresenta na introdução um convite a desbravá-lo, afirmando que é um aperitivo para iniciantes. Terminada a leitura, o livro é mel.
Marcelo Moebus contou que Fernando Pessoa era português, que órfão aos cinco anos, foi com a mãe, novamente casada com um diplomata, para Durban, hoje África do Sul. Lá permaneceu até os 17 anos. Após retornar a Portugal, trabalhou numa tipografia e em outros empreendimentos, mas o constante fracasso o fez poeta. Entre 1905 e 1935 transformou-se naquilo que é: o maior poeta da língua portuguesa.
Segundo o palestrante, o grande Fernando Pessoa foi, além de poeta, pensador, militante, tradutor, e agitador cultural. A sua obra é complexa devido aos inúmeros pseudônimos e heterônimos cujos principais são Alberto Caieiro, Ricardo Reis e Álvaro Campos. Há ainda o semi-heterônimo Bernardo Soares, afora o que escreveu como ortônimo, ou seja, em seu próprio nome.
Cada um dos seus heterônimos funciona como peça de ficção, com detalhada biografia, profissão, características físicas, estilo, temas, preferências, mapa astral (Pessoa também era astrólogo), e data de nascimento. Através de tais personagens, Fernando Pessoa teve completa autonomia para criar, ainda que, em tese, pudesse falar o que quisesse como ele mesmo.
“A personalidade complexa de Fernando Pessoa, para todo lado surpreende”, explica Marcelo Moebus, “daí a importância da heteronomia”. E continua: “Pessoa altera as estruturas sociais, o eu e o outro. A fratura do eu é a consequência do desregramento de todos os sentidos. É a busca do desconhecido. O eu é múltiplo de vários, que, escorregadio, desloca-se. O eu é algum outro, é a abertura do ser do eu. Este é o contexto de Fernando Pessoa, com suas inquietações, suas buscas pelo desconhecido, na aventura da modernidade, da verdade, da existência”.
Cada heterônimo foi estudado com textos ilustrativos. O leitor logo se convence do motivo da notoriedade. Competente intelectual e filósofo, a total liberdade do pensador Fernando Pessoa é constatada, pois “tem o desejo de transformar a poesia em experiência universal”, diz Marcelo Moebus. O poeta multiplica-se em outras personalidades, alcança o desconhecido, transformando-se em muitos eus.
O heterônimo Alberto Caieiro é o chefe da voz contrária, negando tudo da modernidade. Mostra horror aos padrões do progresso, o qual seria responsável pela perda do homem. É a nostalgia do passado, da época do homem ligado à natureza, e sem possibilidade de volta. Para ele, o importante é viver e sentir a vida. “A divindade reside nas coisas simples, e o restante são perdas e pretensão dos bárbaros do intelecto”, pondera o palestrante. Utiliza-se da linguagem para ser o mais filósofo dos poetas, dentro de Fernando Pessoa. “Essa é a sua grande contradição, pois sua obra é prenhe de questionamentos”, diz Marcelo Moebus.
Para o apresentador, o “Guardador de Rebanhos”, de Alberto Caieiro é uma manifestação em que Fernando Pessoa escreve dentro de um fenômeno, como que possuído por um fantasma. Nele, é um crítico da metafísica e da religião. “Insurge-se contra o cristianismo, critica a moral cristã, usa palavras fortes, intensas, com ritmo, empirismo, mostrando sensações e não a representação das coisas, quando fala sobre Deus”, destaca Marcelo Moebus. Faz crítica profunda e radical das coisas que criou. O seu papel é ser um crítico dentro de Fernando Pessoa. Torna-se outro para dar vazão ao que pensa. O texto “O Estranho” mostra o lado oculto de Fernando Pessoa.
Ricardo Reis é o médico criado por Fernando Pessoa para ter uma posição de conformação. Como não tem como evitar, o jeito é aceitar, conviver com a modernidade, a massificação, a alienação. Segundo o professor, o homem moderno é um especialista sem espírito. Acontece uma fuga para a ética pagã, a ética greco-romana. “A vida é breve, o tempo passa rápido. Não desperdice sua vida e use seu tempo para construir, sendo esse o remédio para a dor e o sofrimento. O medo da morte acaba sendo o medo da vida”, diz Marcelo Moebus. Ricardo Reis é pagão por subverter essa ética. Imperturbável, se fecha, enclausurando-se nos seus versos metrificados, voltados para si e para o passado. Os poemas quase impenetráveis são clássicos, retornando a ética histórica. “Têm uma linguagem mais difícil”, destaca o palestrante. “e isso dá a ideia de quem se retira para o seu castelo e se torna observador. Como quer distância, vai para sua torre de marfim e não interfere no espetáculo. Para não se fragmentar, é preciso ter tal distanciamento. Reflete uma ética do método. A medida é fundamental, e a desmedida integra alguma tragédia”.
Álvaro Campos é engenheiro, o tradicional, o completo, o imerso na modernidade. É o único em que se percebem movimentos em sua obra. Usa liberdade métrica, estrangeirismos, simpatia pela máquina, pelo barulho, pelo mecanismo, pela produção e pela velocidade. Influenciado pelos motores, mostra a conquista do homem e depois a desilusão. A mecanização da sociedade é vista com euforia, mas, depois vem a guerra e as máquinas de matar. A imagem mecanizada está associada ao futuro e ao progresso, e a desilusão vem dos excessos. Para o palestrante, Campos está ligado ao caráter contraditório da modernidade, da angústia sobre a brevidade da vida e da incompletude do homem. Usa a liberdade da língua, fazendo experimentações, com dificuldade em se acomodar. “O decadentismo, o tédio, a tentativa de superar a angústia através da experimentação radical, desmedida, com estéticas voltadas para as sensações são suas características poéticas”, completa Marcelo Moebus.
Com o avançar da conversa, o que era intransponível começa a se abrir para que todos possam espiar e começar a desvendar alguns segredos de Fernando Pessoa, que, ainda parece estar dentro de sua arca misteriosa. É que de lá não param de sair novos poemas, atuais e de tão boa qualidade, que poderiam ter sido escritos agora. Marcelo Moebus disse isso, e segurou a plateia com sua cultura profunda e abrangente, acendeu a luz, clareou o mundo e deu o foco necessário a compreensão do autor e da obra.
Depois da apresentação de pouco mais de duas horas (verdadeira maratona espremer Fernando Pessoa em tão pouco tempo, o que parabenizo Marcelo Moebus pelo poder de síntese), no ambiente onde o chá estava servido, foi feita a declamação de poemas. Após assoprar a velinha de um ano, Felicidade Patrocínio, cujo significado do nome é o que ela é, falou que “o Clube de Leitura tem possibilitado conviver com novos amigos, desvendar obras, crescer intelectualmente, e alimentar o espírito”. E também flertar com Fernando Pessoa.

*Mara Narciso é médica e jornalista diplomada 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

ABRAÇOS DE GRAÇA

ABRAÇOS DE GRAÇA
De todos os tamanhos,
para todas as idades
 e sem contra indicação:
Abraçar na alegria
 na tristeza, na saúde
e na doença...
Na chegada, partilha
e na partida,
ou abraçar sem motivo algum...
Abraçar é compartilhar
carinho,
afeto e amor.
Abraçar divide a dor...


Abraçar divide a dor...
O abraço é rico quando é de graça.
É belo sem vaidade.
Abraça-se uma porção de coisas...
Podem até abraçar o trabalho,
o mundo, e até poste...
pode-se auto-abraçar na solidão!
Mas é preciso de dois para  “aquele abraço...”
E se chegar aquele na vida momento em que  
não queira  ser abraçado e nem abraçar....
Resta então o
Abraço da morte...


            A poesia acima nasceu da leitura de um artigo numa revista que falava sobre o free hugs abraços de graça na recepção  enquanto esperava para ser atendido pelo médico, embora recheado do senso comum e do óbvio. Achei  interessante o tema, e como vivemos onde se falta abraços.  
           Compartilho abaixo, parte deste movimento no texto abaixo, objetivanto contribuir  com o free hugs, cuja a fonte é a Wikipédia.

Free Hugs
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

JUAN MANN, o criador da campanha
A Free Hugs Campaign (Campanha dos Abraços Grátis) é um movimento social que envolve pessoas oferencendo abraços para estranhos em locais públicos. A campanha começou em 2004 por um homem australiano conhecido pelo pseudônimo "Juan Mann" em Austrália.  O movimento se tornou internacionalmente famoso em 2006 por causa do videoclip no YouTube da banda australiana Sick Puppies. O vídeo atualmente é um dos mais vistos no site, tendo sido assisistido mais de 72 milhões de vezes (março de 2012). Os abraços são um exemplo de um ato de bondade e humanitário executado por alguém cujo objetivo é apenas fazer as pessoas se sentirem melhores.
Juann Mann criou a campanha cujo objetivo era abraçar pessoas em Pitt Street Mall, uma rua de Sydney, apenas para alegrá-las e incentivá-las a fazer o mesmo com outros. Depois de um tempo,  guardas, a policia e o conselho da cidade o disseram para parar, pois caso alguém se machucasse enquanto o abraçava, a prefeitura poderia ser processada. Mann e seus amigos conseguiram uma petição que juntou 10 000 assinaturas e recebeu permissão para continuar distribuindo

 

sábado, 14 de julho de 2012

UMA GOTA DE VODKA

UMA GOTA DE VODKA - Autor desconhecido - recebi via email




 
              O novo padre  estava tão nervoso  no seu primeiro sermão,  pediu  ajuda ao arcebispo que o aconselhou  a colocar umas gotas de vodka na água.
              No domingo seguinte aplicou a sugestão e sentiu-se tão bem que  poderia falar alto até no meio de uma tempestade. Ao regressar  da missa a paróquia recebeu um bilhete do arcebispo:
               Prezado Padre, seguem algumas observações:

1 - Na próxima vez coloque  as gotas de vodka na água e não gotas de água na vodka
2 - Não coloque açúcar e limão na borda do cálice
3- O manto da imagem de N.S. Jesus Cristo não deve ser usado como guardanapo
4 - Existem 10 mandamentos e não 12
5 -  Existiu 12 apóstolos e não 10
6 -  Judas traiu Jesus, e não o sacaneou...
7 -  Jesus foi crucificado e não enforcado
8 -  E Tiradentes não tem nada a ver com a historia
9 - a hóstia  não é chicletes; portanto evite fazer bolas
10 - aquela casinha  é o confessionário e não o banheiro
11- evite apoiar na imagem de N.S. e nem abraçá-la
12 - a iniciativa de chamar o publico pra cantar foi louvável, mas fazer trenzinho foi demais
13 -  água benta para benzer e não para refrescar a nuca
14 -  nunca reze a missa sentado na escada do  altar e muito menos com o pé sobre a bíblia
15 - as hóstias são distribuído para os fiéis e não é aperitivo para acompanhar o vinho
16 -  procurar usar roupas debaixo da batina
17 - evite abanar com a batina quando estiver com calor
18 - Jesus nasceu em Belém  mas não era PARAENSE
19 - Quem peca  é pecador e não f.d.p.
20 - Quem peca vai  pro inferno e não para puta que o pariu
21-  Numa missa não se faz perguntas ao publico
22 -Também não pedir ajuda aos universitários  eles nada sabem
23 - Pelos  45 minutos de missa notei essas falhas e espero a correção

                                        
                                                     Atenciosamente
                                                                    O arcebispo

segunda-feira, 2 de julho de 2012

QUERO BEIJOS


QUERO BEIJOS:
Dados
roubados,
selados,
anônimos
Conhecidos,
Beijar de novo, de novo, outra vez
E perder a conta...
Quero beijos:
Com ou sem sentimento,
 Calientes,
 gelados,
queimados
quero beijar pelado
quero beijos;
de manhã,  tarde,
de noite e madrugada afora.
Quero beijo grande,
Pequeno,
real ou virtual.
Beijos com abraços.
Quero beijos com amor
e poesia...