No ano de 1979, num dia qualquer: na aula de português na sétima serie, a professora ao ler uma redação que eu tinha produzido. Ela setenciou:
_ Este aqui deveria ser um poeta, pois ele viaja demais, sua redação tem ideias demais e nunca chega ao fim. Não tive coragem de perguntar o porque daquele comentário. Chegando em casa escrevi meus primeiros e forçados versos. Com toda a rima possivel, experimentando os arroubos da adolescencia de amor na sua efervescência. Versos cheio de hormonios e desabrochamento da puberdade. Mostrei ao meu irmão que já era o poeta da familia, não tinha elogio nenhum, criticas e mais criticas.
Meu olhar desmedido para uma certa menina, linda que nunca consegui balbuciar meia duzias de palavras. Caderno e caneta na mão, desabavam em versos e mais versos declamando todo o amor juvenil. Os versos não duraram muitos pois descobri que a poesia não estava amarrada nas rimas. Desencadei uma criação compulsiva, pois a timidez cerrava meus lábios, mas não os pensamentos, resultado era um avalanche de poemas.
Quanto mais distante o amor mais poemas de dor. Bom cheguei a estranha façanha de fazer poemas por atacado, uma média de dez por dia, (hoje não faço dez por ano). Cada poema compartilhado, era uma critica, uma após outra, eu me retraia, e compartilhava menos.
Meu irmão tem sido o mais duro dos criticos, porém foi o melhor deles, pois aprendi tantas coisas e descobri simplesmente a poesia.
Guardei por anos a fios mais de 200 dos quais pouquissimas pessoas tiveram acessos, até que percebi que eles não tinham valor literário, mas apenas sentimental.
A fogueira foi o destino e queimei todos, ou melhor quase todos. Deixei apenas um que fiz aos meus dezessete anos, apenas um para lembrar o que escrevi.
Não sei se sou poeta, e muitos poderão ter a certeza disto que não o sou. Mas o conceito de poeta é poesia, apenas poesia.
Então um dia escrevi em 1983, hoje infantil mas que um dia não foi:
ESTRELA
Escolhi uma estrela no céu
e nela coloquei o teu nome,
porque o seu olhar e seu coração
brilha como uma estrela
e o meu coração te aplaude de pé.
Sinto o seu perfume, não o perfume
feito por mãos humanas, mas
um perfume feito de amor... o das flores.
Os teus cabelos me dão loucura,...,
loucura de acariciá-los,
e os teus cintilantes lábios
que tem a pureza e a doçura do mel,
que me dão desejos quase
incontroláveis...
o teu sorriso é como o jardim
na p r i m a v e ra
florido..., colorido...,
batizei-te estrela porque o amor
pra você é um brilho.
Talvez o que te falo agora
até seja uma declaração de amor,
mas estrela de uma coisa
fique certa... de que eu
quero brilhar com você
A todos aqueles que tiveram paciência de ler os bons e os pessimos, fazer poesia é um exercicio de contemplação, devaneio e loucura. Ao poeta maior meu irmão, a quem jamais consegui imitar, não por falta de tentativas, mas porque poesia não se imita, se exala.