segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

COMO NASCE UM POETA?

            No ano de 1979, num dia qualquer: na aula de português na sétima serie, a professora ao ler uma redação que eu tinha produzido. Ela setenciou:
           _ Este aqui deveria ser um poeta, pois ele viaja demais, sua redação tem ideias demais e nunca chega ao fim. Não tive coragem de perguntar o porque daquele comentário. Chegando em casa escrevi meus primeiros e forçados versos. Com toda a rima possivel, experimentando os arroubos da adolescencia de amor na sua efervescência. Versos cheio de hormonios e desabrochamento da puberdade. Mostrei ao meu irmão que já era o poeta da familia, não tinha elogio nenhum, criticas e mais criticas.
            Meu olhar desmedido para uma certa menina, linda que nunca consegui balbuciar meia duzias de palavras. Caderno e caneta na mão, desabavam em versos e mais versos declamando todo o amor juvenil. Os versos não duraram muitos pois descobri que a poesia não estava amarrada nas rimas. Desencadei uma criação compulsiva, pois a timidez cerrava meus lábios, mas não os pensamentos, resultado era um avalanche de poemas.
           Quanto mais distante o amor mais poemas de dor. Bom cheguei a estranha façanha de fazer poemas por atacado, uma média de dez por dia, (hoje não faço dez por ano). Cada poema compartilhado, era uma critica, uma após outra, eu me retraia, e compartilhava menos.
            Meu irmão tem sido o mais duro dos criticos, porém foi o melhor deles, pois aprendi tantas coisas e descobri simplesmente a poesia.
            Guardei por anos a fios mais de 200 dos quais pouquissimas pessoas tiveram acessos, até que percebi que eles não tinham valor literário, mas apenas sentimental.
             A fogueira foi o destino e queimei todos, ou melhor quase todos. Deixei apenas um que fiz aos meus dezessete anos, apenas um para lembrar o que escrevi. 
             Não sei se sou poeta, e muitos poderão ter a certeza disto que não o sou. Mas o conceito de poeta é poesia, apenas poesia.  
              Então um dia escrevi  em 1983, hoje infantil mas que um dia não foi:

ESTRELA

Escolhi uma estrela no céu
e nela coloquei o teu nome,
porque o seu olhar e seu coração
brilha como uma estrela
e o meu coração  te aplaude de pé.
Sinto o seu perfume, não o perfume
feito por mãos humanas, mas
um perfume feito de amor... o das flores.
Os teus cabelos me dão loucura,...,
loucura de acariciá-los,
e os teus cintilantes  lábios
que tem a pureza e a doçura do mel,
que me dão desejos quase
incontroláveis...
o teu sorriso é como  o jardim
na p r i m a v e ra
florido..., colorido...,
batizei-te estrela porque o  amor
pra você  é um brilho.
Talvez o que te  falo agora
 até seja uma declaração de amor,
mas  estrela de uma coisa
fique certa... de que eu
 quero brilhar com você
              A todos aqueles que tiveram paciência de ler os bons e os pessimos, fazer poesia é um exercicio de contemplação, devaneio e loucura. Ao poeta maior meu irmão, a quem jamais consegui imitar, não por falta de tentativas, mas porque poesia não se imita, se exala.   

3 comentários:

  1. Caro mano, a arte de escrever é precedida do exercício da leitura. Transformar poesia em poema é o lapidar contínuo e exaustivo a que todo aprendiz de escritor precisa se submeter. A poesia existe nas coisas, nos gestos, naquele encantamento juvenil ao qual se refere no seu texto. Fazer dessa poesia, pré-existente, um poema é o grande desafio. Parabéns por seu blog. Faça deste espaço um parlatório virtual. Abraços poéticos.

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  2. Nem só de paixão se faz poemas. A questão literária, do falar de forma bela, entrava muitos poetas que querem, mas não conseguem sê-lo. Eu não sei fazer poemas. Posso sugerir-lhe fazer revisões sistemáticas e obsessivas, e ainda assim falhas passarão. No texto apresentado vejo errinhos de concordância e mistura do tu com você, coisa impensável. Espero que não se aborreça com a minha atenção e cuidado em comentar.

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  3. Não sei analisar a qualidade de um poema. Apenas percebo quando as palavras me tocam o coração. Obsessiva, isto sou... O perfeccionismo leva-me às raias da loucura e se contrapõe à ansiedade de falar aos outros dos meus sentimentos. Em algumas postagens, passaram erros. Em determinados poemas, faço mudanças, mesmo após tê-los postado. Nos primeiros trabalhos, tremia ao ler as críticas e quando apontavam falhas, procurei corrigí-las. Enfim, meu amigo, escrever é um dom que, como qualquer outro, precisa de aperfeiçoamento, tempo e dedicação...E muita leitura.
    Abraços e Seja bem vindo!
    P.s. Confie nas críticas de Mara Narciso. Eu as aproveito e utilizo como ferramentas para melhorar minha escrita.

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